segunda-feira, 23 de novembro de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Posse Direção 2009/10 JAA
Ilustríssimas Autoridades.
Caríssimos (as) Educandos, familiares, profissionais da UEEs
José Álvares de Azevedo
Jamais poderíamos começar este cerimonial sem agradecer. Agradecer a cada aluno, a cada familiar, a cada profissional que a partir de sua participação nesta Unidade Especializada tornou possível a antiga aspiração das pessoas cegas e sua associação, qual seja,ver a educação dos deficientes visuais do Estado do Pará sendo conduzida por um profissional cego. Muito obrigado por esta oportunidade.
Permitam-me dizer, que isto significa bem mais que uma oportunidade. O ato de cada um de vocês significou a resposta perfeita de cinco décadas de trabalho sério, comprometido, de qualidade pelos deficientes visuais. Significou também, um ato de fé. Fé na capacidade das pessoas cegas em conduzir seu destino, reescrever sua história, superar as limitações de sua condição humana. Fé de que somos capazes de suplantar o preconceito e com trabalho e iniciativa, apresentar respostas aos diversos desafios que povoam nossa trajetória.
Companheiros de trabalho... valeu a semeadura. Valeu o sacrifício. Valeu o suor, o sangue, as lágrimas derramadas em prol desta fé, deste sonho, em prol da convicção de que nosso trabalho não foi inútil. Somos o resultado concreto desta labuta. O fruto da semente plantada com fé e regada com muita esperança. Nossa eleição para a direção da Unidade Especializada, traz a mensagem de que acertamos nas nossas escolhas, nossos esforços não foram inúteis, que acreditamos no ser humano.
Os deficientes visuais e seus familiares podem comprovar que são capazes de escrever sua história, dirigir seu destino, alcançar espaços cada vez maiores e melhores. Vários profissionais e todos vocês tornaram possível os sonhos e os planos matutados, discutidos, lapidados por um grupo significativo de profissionais que trabalham e se inquietam pela situação dos deficientes visuais residentes neste Estado. Vocês nos deram à oportunidade de reescrever a história da educação especial dos deficientes visuais. Nos trouxeram a caneta para este ato, mas nós respondemos: "agora a história da educação dos deficientes visuais neste Estado não será mais escrita com canetas, será escrita com punções, máquinas Braille, com programas leitores de tela. Porque a partir deste ato, o deficiente visual não será mas conduzido... ele irá conduzir."
Sim companheiros, iremos conduzir. Conduzir com bengalas longas, com guias videntes, pisos táteis, identificação Braille. Porque o "Ponto de Toque substituiu o Ponto de Vista". Porque os efeitos de nossas deliberações deverão estar ao alcance de nossas mãos, e não apenas a "olho nu". Porque agora, a leitura analítica será priorizada frente a leitura sintética. Porque agora teremos que dispor de mais paciência diante da construção do entendimento; teremos que fazer novas adaptações espaciais, curriculares; teremos que tornar efetivamente a Unidade Especializada a "Casa dos deficientes visuais".
Gostaríamos de agradecer à comunidade em geral e aos demais presentes e dizer que sem vocês a jornada será impossível; a vontade irá desfalecer, enfraquecida pelo desânimo; o entusiasmo dará espaço para o desespero; e o sonho se tornar a uma alucinação absurda. Companheiros e companheiras conforme canta Nilson Chaves:
"E pra que foste plantado?
E pra que foste plantada?
Pra invadir a nossa mesa e abastar a nossa casa".
Que nossa gestão seja capaz de encontrar caminhos, tatear novos
horizontes, saciar a fome e a sede daqueles que aspiram por justiça,
pelo que é belo, pelo que é bom. Seja capaz de "abastar a nossa casa".
Belém, 21 de agosto de 2009
sexta-feira, 19 de junho de 2009
ELEIÇÃO 2009
JOSÉ ÁLVARES DE AZEVEDO
Há mais de 15 anos que a comunidade escolar da UEEs José Álvares de Azevedo elege a Direção e Vice-Direção dessa instituição. No dia 19 de junho de 2009, não será diferente.
Os profissionais Lourival Ferreira do Nascimento e Lindalva Gomes Carvalho estão submetendo a apreciação e votação para Direção e Vice-Direção para a Unidade Especializada nos próximos dois anos - 2009-2011. O fortalecimento da democracia se dá pela participação. A construção de uma educação de qualidade resulta do compromisso de todos por este objetivo. Por esta razão venha participar desse processo democrático e contribuir na formulação da educação de qualidade dos deficientes visuais.
Data: 19/06/2009
Horário: 08 às 17 horas
Local: Sala de Reunião da UEEs JAA.
Não deixe de votar.
Sua Participação é indispensável para a democratização do ensino especial do povo paraense.
Com força e com vontade
A felicidade há de se espalhar
Com toda intensidade
Há de fazer alarde
E libertar os sonhos
Da nossa mocidade
Antes que seja tarde
Há de mudar os homens
Antes que a chama apague
Antes que a fé se acabe
(Ivan Lins/Vitor Martins)
Lourival Nascimento
Lindalva Carvalho
Proposta de Trabalho Chapa: Uma Gestão Braille para a Unidade.
Proposta de Trabalho
Chapa: Uma Gestão Braille para a Unidade.
Candidatos:
Professor Lourival Ferreira do Nascimento - Direção.
Professora Lindalva Gomes Carvalho - Vice-Direção. Belém - PA.
Abril 2009.
1. Apresentação.
A Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo, em seus 54anos de funcionamento, contou com um único deficiente visual em sua gestão, tratou-se do psicólogo Aníbal de Jesus Queiroz, que desempenhou as funções de vice-direção, representante do Conselho Escolar, conjuntamente com a professora Antônia Cordeiro dos Santos, que dirigiu a UEEs JAA no período 2004-2005, após a renúncia da então diretora psicóloga Sílvia Karla. Anteriormente a este fato, a professora Odete Lucas e o professor Raimundo do Vale Lucas, haviam se candidatado para gerir a UEEs JAA, mas seja por falta de articulação com os diversos segmentos envolvidos no processo eleitoral, seja por outras variáveis intervenientes, não conseguiram ser votados. Vale dizer que há uma aspiração antiga das pessoas cegas, além dos movimentos sociais organizados, que a Unidade Especializada seja gerida por um profissional com deficiência visual, principalmente cego. Desde 2002, a partir da proposta formulada pela professora Odinéia Figueredo, então coordenador do Departamento de Educação Especial - DEES/SEDUC, que a idéia ganhou consistência, pois Lourival Nascimento, primeiro estudante cego no curso de mestrado, foi contratado para desempenhar funções na Unidade Especializada, contando com articulações da professora Oneide Cordovil, então coordenadora do Núcleo de Produção Braille. Lourival Nascimento, após dois mandatos a frente da Associação de e para Cegos do Pará - ASCEPA. e seis anos de trabalho no NPB/UEEs-JAA, estando concursado desde setembro de 2008, após convite de um grupo de profissionais da UEEs JAA e do diretor da Coordenação de Educação Especial - COEES, professor Adenilson Souza, e ex-diretora da UEEs JAA, professora Maria José, candidata-se, juntamente com a professora Lindalva Gomes Carvalho, a direção e vice-direção da Unidade Educacional Especializda José Álvares de Azevedo, na perspectiva de consolidar a aspiração das pessoas cegas e provocar um fato inusitado na história da Educação Especial do Estado do Pará, qual seja, a gestão da instituição por uma pessoa cega. Vale lembrar, que tal fato não é inédito, pois o professor Jerter Resende já gerenciou o Centro de Apoio Pedagógico aos estudantes deficientes visuais na cidade de santarém, Oeste do Pará, desenvolvendo serviços relevantes na habilitação, reabilitação e educação deste segmento, impactando, inclusive, nas diretrizes das políticas públicas planejadas para o setor. A candidatura, e eleição caso seja esta a vontade de Deus, de Lourival Nascimento, no entanto, assume importância por significar a primeira gestão de um cego na principal unidade de educação especializada no atendimento dos deficientes visuais, consolidando a UEEs JAA como referência para a região Norte. A professora Lindalva Gomes Carvalho licenciada plena em Pedagogia com especialização em Psicopedagogia com vasta experiência na área pedagógica, inteiramente disponível aos desafios da Educação Especial, e em particular dos deficientes visuais, topou o desafio e compõe a chapa que trará um modo Braille de gerenciar a Unidade Especializada, adotando um "ponto de toque", ao contrário de um "ponto de vista", para rastrear o novo caminho que se constrói para a educação, reabilitação e habilitação dos deficientes visuais no Estado do Pará. Desta forma, o presente documento, após este breve relato das razões que motivaram a formulação do Plano de Trabalho e composição da chapa, apresentará as propostas para o biênio 2009-2011 a frente da gestão da UEEs José Álvares de Azevedo.
2. Proposição.
2.1. Proposta Técnico-administrativa.
A chapa UMA GESTÃO BRAILLE PARA A UNIDADE, conforme as normas regimentais do processo eleitoral da UEEs José Álvares de Azevedo, apresenta e se compromete em desenvolver as seguintes propostas, no que tange ao aspecto técnico-administrativo:
a) Desenvolver gestão compartilhada e coletiva;
b) Repensar e propor a reorganização espacial da Unidade Educacional Especializada José Álvares de Azevedo;
c) Desenvolver proposta de organização administrativo-pedagógica pautada nos eixos de formação, assessoramento e acompanhamento;
d) Aperfeiçoar os instrumentos de controle e acompanhamento das atividades desenvolvidas pela UEEs José Álvares de Azevedo;
e) Implementar ações de fortalecimento da Escola inclusiva, desenvolvendo atividades de sensibilização, convencimento e implantação de atendimento em instituições afinadas com os programas desenvolvidos pela Unidade Especializada;
f) Trabalhar pela contínua articulação entre os setores, programas e atividades desenvolvidas pela UEEs JAA;
g) Propor uniforme aos servidores da UEEs JAA, visando ampliar a visibilidade do trabalho desenvolvido pelos profissionais;
h) Aperfeiçoar os canais de comunicação e trabalho em parceria com instituições públicas e particulares.
2.2. Proposta Pedagógica.
No que concerne as propostas pedagógicas, a chapa UMA GESTÃO BRAILLE PARA A UNIDADE, compromete-se:
a) Normatizar o processo de avaliação funcional, da eficiência visual, e estudos de caso, visando o encaminhamento adequado dos atendimentos realizados;
b) Desenvolver proposta de formação continuada aos profissionais da Unidade Especializada, bem como a comunidade em geral, no que concerne ao atendimento das pessoas com deficiência visual;
c) desenvolver atividades de assessoramento às instituições que atendem pessoas com deficiência visual, visando a implementação da Escola inclusiva;
d) Desenvolver trabalho de assessoramento aos profissionais, familiares e comunidade em geral, no que concerne ao atendimento das pessoas com deficiência visual;
e) Trabalhar pelo atendimento de qualidade, sistemático e público aos deficientes visuais;
f) Formular proposta de terminalidade aos processos de habilitação, reabilitação e educação dos deficientes visuais matriculados na Unidade Especializada;
g) Trabalhar pela aquisição de recursos e equipamentos especializados indispensáveis ao processo de habilitação, reabilitação e educação dos deficientes visuais.
3. Considerações finais.
A chapa UMA GESTÃO BRAILLE PARA A UNIDADE, nasceu das aspirações das pessoas com deficiência visual, seus responsáveis e sua organização social, das articulações entre instituições como COEES e CINPED, e dos profissionais comprometidos que atuam na UEEs José Álvares de Azevedo, e que contribuíram na formulação da presente Proposta de Trabalho. Desta forma, além de simbolizar um marco histórico para a educação dos deficientes visuais residentes no Estado do Pará, significa uma proposta de gestão compartilhada, comprometida com a qualidade do trabalho desenvolvida pela Unidade Especializada, com a efetiva inclusão social dos deficientes visuais, com a elaboração de políticas públicas adequadas para o atendimento especializado, e com a construção de uma sociedade melhor e justa, que respeite a diversidade e amplie as oportunidades para todos. Portanto, esta é a proposta de trabalho e conclamamos a todos para participar do processo eleitoral e tornar real este projeto de gestão.
"Com força e com vontade
A felicidade há de se espalhar
Com toda intensidade
Há de molhar o seco
De enxugar os olhos
De iluminar os becos
Antes que seja tarde
Há de "assaltar" os bares
E retomar as ruas
E visitar os lares
Antes que seja tarde
Há de rasgar as trevas
E abençoar o dia
E de guardar as pedras
Antes que seja tarde
Há de deixar sementes
No mais bendito fruto
Na terra e no ventre
Antes que seja tarde
Há de fazer alarde
E libertar os sonhos da nossa mocidade
Antes que seja tarde
Há de mudar os homens
Antes que a chama apague
Antes que a fé”
terça-feira, 19 de maio de 2009
Depois de algum tempo
"Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e os olhos adiante com a graça de um adulto, e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vôo.
Depois de um tempo, você aprende que até o sol queima se você ficar exposto por muito tempo.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...
Que realmente é forte e que realmente tem valor..."
domingo, 17 de maio de 2009
HISTÓRICO DA UNIDADE UTJAA
HISTÓRICO DA UNIDADE
Um século após a criação do pioneiro "Instituto Benjamin Constant - RJ" é que foi criada no Pará a “Escola de Cegos do Pará”, criada pelo Decreto Lei nº 1300, de 07 de dezembro de 1953, iniciando-se efetivamente suas atividades em 15 de Abril de 1955(instalada de forma precária no salão nobre do Instituto Lauro Sodré, na cidade de Belém. De 1955 a 1962 a linha adotada nesta unidade era a Educação Segregada, ou seja, educação só para cegos agrupados por séries que recebiam atendimento através de professores especializados seguindo a programação das escolas de ensino comum, da Secretaria de Estado de Educação, além das outras atividades específicas para cegos).
A educação segregada durou pouco tempo, e em 1962 tornou-se realidade a Educação Integrada, ou seja, os primeiros deficientes visuais começaram a freqüentar as escolas comuns; outros ficaram na sala do Lauro Sodré, sempre com o acompanhamento do professor especializado para orientar e coordenar o trabalho junto ao professor da Escola Comum, principalmente a transcrição de trabalhos da grafia em "negro" para o Braille e do Braille para o "negro”, através do Ensino Itinerante e das Classes de Recursos (1ª Classe de Recurso foi instalada na Escola José Veríssimo, no ano de 1965).
A Escola de Cegos do Pará, prestando uma homenagem ao jovem cego que se destacou na luta pela educação do deficiente visual no Brasil, no ano de 1965 denominou-se de Escola "José Álvares de Azevedo", mais tarde (15/12/1965), transformada em "Instituto José Álvares de Azevedo" e com a criação do Centro de Educação Especial pela Lei 4398, de 14 de Julho de 1972, passou a funcionar como Unidade Técnica, instalada em prédio próprio desde o ano de 1966, com sede à Rua Presidente Pernambuco, nº 497.
Os educadores pioneiros de nosso Estado fizeram especialização no Instituto Benjamin Constant, na cidade do Rio de Janeiro.
Os especialistas formados na década de sessenta fizeram seus cursos na cidade de São Paulo e Salvador, tendo a duração de um ano letivo cada curso, patrocinados pela Campanha Nacional da Educação de Cegos (MEC - Ministério da Educação e Cultura).
A partir de 1970, O estado do Pará assumiu a execução dos cursos para especialização de docentes da área da Deficiência Visual, realizados na cidade de Belém, com recursos oriundos do Governo Federal e Estadual, o que veio permitir a oferta de vagas para professores das cidades do Interior do Estado e Territórios da Região Norte.
O primeiro curso realizado em Belém no Instituto Deodoro de Mendonça, em 1979, teve a participação de professores das cidades de Belém, Manaus, Teresina, Fortaleza, Belo Horizonte, Florianópolis, etc...
Com esta política de desenvolvimento de Recursos Humanos, foi possível interiorizar o atendimento ao deficiente visual em várias cidades do Estado do Pará, sendo que o primeiro pólo implantado foi o de Santarém.
Nesses quarenta e nove anos de funcionamento a Unidade teve onze diretores, sendo que as quatro últimas foram eleitas por voto direto da Comunidade Escolar.
Nazaré Barbosa do Nascimento, Terezinha de Jesus Damasceno Ferreira, Odinéa Leite Caminha, Maria do Socorro Sardinha de Oliveira, Fabiana Santo de Miranda, Ana Coeli Gomes Lima, Renilda Marques de Carvalho, Maria de Fátima da Silva Rocha, Elaine Conceição Silva Lopes, Sílvia Karla Winker e Silva, Maria José Soares Rodrigues.
A INSTITUIÇÃO ATUAL
• MISSÃO
Promover a autonomia da pessoa deficiente visual, visando a formação da sua cidadania e sua inclusão na sociedade.
• OBJETIVO DA UNIDADE
Oferecer aos deficientes visuais, cegos ou baixa visão, atendimento adequado às suas necessidades, proporcionando o desenvolvimento e aprendizagem de acordo com o seu potencial individual e suas condições bio-psico-sociais, educacionais e econômicas visando sua inclusão social.
• FILOSOFIA DA UNIDADE
A educação na Unidade Técnica José Álvares de Azevedo é inspirada nos princípios da Educação Inclusiva nos ideais de liberdade e de solidariedade humana, e tem como finalidade o pleno desenvolvimento do educando possibilitando sua preparação para o exercício de sua cidadania e sua orientação para o trabalho.
A partir desses princípios vem trabalhando norteada numa proposta inclusiva, visando o desenvolvimento pleno da cidadania da pessoa portadora de deficiência visual, através do oferecimento de oportunidades iguais, apesar das limitações impostas pela deficiência.
• ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
A Unidade Técnica José Álvares de Azevedo está vinculada a Secretaria Executiva de Educação do Pará – Coordenação de Educação Especial. É administrada por uma Diretora e uma Vice-diretora que são assessoradas por uma Equipe Técnica-pedagógica e Coordenação do Ensino Itinerante. Conta ainda com apoio do Conselho Escolar que é um órgão consultivo e deliberativo (lei complementar nº 06/91).
segunda-feira, 20 de abril de 2009
computador
Muitas pessoas se perguntam como cegos conseguem digitar no teclado de um computador. A maioria imagina que possuímos um teclado especial em Braille ou, ainda, que nos utilizamos de computadores com softwares do tipo "comando de voz", que nos obedecem ao mandarmos executar tarefas, ou seja, sem utilizar o teclado.
Existem, realmente, teclados especiais para vários tipos de deficiência, inclusive a nossa. Para nós, porém, não constituem uma grande vantagem, na maioria das vezes, nem pequena, já que o teclado comum, o de todos os computadores, nos oferece todas as condições de digitação que necessitamos para realizar tal tarefa.
Para começar, percebam que todo teclado, por convenção internacional de datilografia proveniente das antigas máquinas com esse nome, possuem pontos de referência em posições estratégicas para uma boa localização tátil do teclado. Dessa forma, as letras "f" e "j" possuem um ponto em relevo que, quase sempre, não são observados pelas pessoas que não sejam profissionais de digitação ou pessoas muito rápidas nesse serviço. Assim, caso já não o tenha feito antes, você pode sentir que nas teclas dessas letras há um ponto pequeno e, em geral, da cor da tecla, na parte central inferior, perfeitamente perceptível pelos dedos. Utilizamo-nos deles para colocarmos os indicadores e, a partir daí, encontrarmos todas as teclas que necessitarmos.
Com as mãos nas teclas alfabéticas centrais a partir dos indicadores na "f" e "j", dedos médios na "d" e "k", anelares na "s" e "l", mínimos na "a" e "tecla de acentuação/pontuação" e, finalmente, com os dedos polegares na barra de espaço, podemos alcançar as outras facilmente. Por exemplo, subindo-se uma carreira do teclado com o dedo médio esquerdo alcançarei o "e" e se continuar mais uma carreira nessa subida, chegarei ao "3". Posso também abaixar o dedo indicador direito e encontrarei o "m", ou no teclado básico, teclar o "h" indo uma tecla para a esquerda do "j".
Na parte direita do teclado, a existência desse ponto na tecla "f" e "j" se repete na tecla "5" do teclado numérico, que nos posiciona nessa parte do teclado em específico.
Como podem notar como as teclas nunca fogem de suas posições, não existe mistério em um cego digitar em um micro computador. Com o auxílio dos ledores de tela/sintetizadores de voz, softwares sonoros que podem segundo nossa configuração ir dizendo cada letra que está sendo digitada naquele momento, a tarefa torna-se fácil. Caso escutar letra a letra seja especialmente aborrecido para o sujeito, este pode desconfigurar tal propriedade, digitar tudo e ir corrigindo os erros depois, escutando tudo de uma vez e parando nos erros audíveis para consertá-los. Tais softwares ainda podem ler, além da tela inteira e letra por letra, palavra por palavra ou linha por linha, abrindo o leque de opções.
Existem pessoas que enxergam que são lentas na digitação, como outras muito rápidas. Conosco ocorre o mesmo. Tudo é uma questão de prática, necessidade e habilidade pessoal.
O Braille, o Computador e a Ortografia
Ler e escrever sempre foram as preocupações básicas dos pais para com seus filhos em idade escolar. A alfabetização é sempre um período de curiosidade e descoberta para as crianças: vão aprendendo a desenhar letras que, fantasticamente, possuem som e juntas, que maravilha, quer dizer algo que já conhecem! O surgimento do sistema de escrita e leitura criado por um cego - cujo sobrenome lhe deu a designação, Sistema Braille - passou a abrir novas portas para a comunicação, educação e cultura de pessoas cegas.
A escrita, de forma geral, era possível de ser realizada por um cego sem que soubesse o Braille, desde que este aprendesse datilografia ou compreendesse as formas das letras e as desenhasse de próprio punho. Isso ainda podia ser feito com total independência. O "x" da questão era a leitura! Como uma pessoa cega poderia ler o que escreveu na máquina de datilografia ou em uma folha de papel? O sistema de escrita e, principalmente, de leitura Braille foi o primeiro a resolver essa questão. Através de um método lógico de pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos para cada símbolo ou letra, uma pessoa cega pode ler, através do tato das pontas de seus dedos, o que, com um aparelho especial denominado reglete e uma pulsão, "desenhou" anteriormente. Ou seja, pode ler e escrever com suas mãos! O problema desse método ainda hoje é o de ser um sistema tão específico que acabou por se restringir aos cegos.
Essa questão particular foi eliminada a partir de meados dos anos 90 pela introdução dos editores de texto dos micro-computadores. A informática, como o Braille, entrou na vida das pessoas cegas como um vertiginoso meio de integração social, abrindo um horizonte infinito de informação, educação, cultura, mercado de trabalho e comunicação. Com os editores de texto, ledores de tela e sintetizadores de voz conjugados podem trocar e-mails com pessoas de qualquer parte do mundo, ler com total independência qualquer jornal internacional ou brasileiro, livros escaneados, listas de discussão e jogos de entretenimento feitos especialmente para os deficientes visuais.
Essa "coisa" de informática foi tão desbravadora que hoje podemos conversar ou trocar textos através de e-mails com surdos sem mesmo um e outro saberem que quem está do outro lado da linha de comunicação tem alguma característica especial. Nossos softwares podem ler toda a tela do computador, apenas uma linha escolhida, uma palavra ou mesmo letra a letra, quando temos alguma dúvida sobre o que está escrito. Mas, como tudo que é bom tem seu defeito, a informatização do segmento dos cegos depende muito dos recursos financeiros individuais, da atualização das instituições para cegos, das faculdades e escolas regulares em absorver essas novas necessidades especiais.
Outro problema é o fato de que passamos a escutar o que antes líamos com as mãos e podíamos ir absorvendo a construção ortográfica das palavras. Quando o computador lê um texto para um cego não diz se cego se escreve com "c" ou com "s" e a sonoridade é a mesma. Possuímos bibliotecas, diria melhor, fitotecas, de até dez mil títulos gravados que não podem nos dizer ou relembrar se casa se escreve com "s". É óbvio que dei exemplos idiotas, mas isso acontece com palavras de ortografia mais difícil. Nesse caso, o método Braille ainda é único, pois nenhum doido vai colocar um computador para ler letra a letra de um texto que ocupe a tela inteira!
Hoje em dia, apesar de todas as dificuldades que temos, a tecnologia torna um indivíduo cego muito mais habilitado a tarefas antes impossíveis. A dificuldade maior está na sociedade perceber essa evolução e acreditar mais em nossa participação!
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
ler, Escrever e o Computador
A escrita, de forma geral, era possível de ser realizada por um cego sem que soubesse o Braille, desde que este aprendesse datilografia ou compreendesse as formas das letras e as desenhasse de próprio punho. Isso ainda podia ser feito com total independência. O "x" da questão era a leitura! Como uma pessoa cega poderia ler o que escreveu na máquina de datilografia ou em uma folha de papel? O sistema de escrita e, principalmente, de leitura Braille foi o primeiro a resolver essa questão. Através de um método lógico de pontos em relevo, distribuídos em duas colunas de três pontos para cada símbolo ou letra, uma pessoa cega pode ler, através do tato das pontas de seus dedos, o que, com um aparelho especial denominado reglete e uma pulsão, "desenhou" anteriormente. Ou seja, pode ler e escrever com suas mãos! O problema desse método ainda hoje é o de ser um sistema tão específico que acabou por se restringir aos cegos.
Essa questão particular foi eliminada a partir de meados dos anos 90 pela introdução dos editores de texto dos micro-computadores. A informática, como o Braille, entrou na vida das pessoas cegas como um vertiginoso meio de integração social, abrindo um horizonte infinito de informação, educação, cultura, mercado de trabalho e comunicação. Com os editores de texto, ledores de tela e sintetizadores de voz conjugados podem trocar e-mails com pessoas de qualquer parte do mundo, ler com total independência qualquer jornal internacional ou brasileiro, livros escaneados, listas de discussão e jogos de entretenimento feitos especialmente para os deficientes visuais.
Essa "coisa" de informática foi tão desbravadora que hoje podemos conversar ou trocar textos através de e-mails com surdos sem mesmo um e outro saberem que quem está do outro lado da linha de comunicação tem alguma característica especial. Nossos softwares podem ler toda a tela do computador, apenas uma linha escolhida, uma palavra ou mesmo letra a letra, quando temos alguma dúvida sobre o que está escrito. Mas, como tudo que é bom tem seu defeito, a informatização do segmento dos cegos depende muito dos recursos financeiros individuais, da atualização das instituições para cegos, das faculdades e escolas regulares em absorver essas novas necessidades especiais.
Outro problema é o fato de que passamos a escutar o que antes líamos com as mãos e podíamos ir absorvendo a construção ortográfica das palavras. Quando o computador lê um texto para um cego não diz se cego se escreve com "c" ou com "s" e a sonoridade é a mesma. Possuímos bibliotecas, diria melhor, fitotecas, de até dez mil títulos gravados que não podem nos dizer ou relembrar se casa se escreve com "s". É óbvio que dei exemplos idiotas, mas isso acontece com palavras de ortografia mais difícil. Nesse caso, o método Braille ainda é único, pois nenhum doido vai colocar um computador para ler letra a letra de um texto que ocupe a tela inteira!
Hoje em dia, apesar de todas as dificuldades que temos, a tecnologia torna um indivíduo cego muito mais habilitado a tarefas antes impossíveis. A dificuldade maior está na sociedade perceber essa evolução e acreditar mais em nossa participação!